Queria começar por referir que esta reflexão não se baseia em nenhuma investigação, mas apenas na experiência no contexto real, na aprendizagem contínua que realizo ao longo deste processo, por isso mesmo, as reflexões são apenas pessoais, não procuram mais nenhum objectivo.
A Iniciativa Novas Oportunidades (INO) é uma forte aposta do actual elenco governamental, podendo acorrer um factor de descontinuidade desta iniciativa, se ocorrer alguma mudança política. Por outro lado, a participação das pessoas, em alguns casos, motivada pelo aparelho publicitário desta iniciativa, faz com que 1 milhão e 600 mil portugueses já tenham aderido à INO. Neste sentido, os Centros Novas Oportunidades combinam a iniciativa pública com a iniciativa social. A questão política, obviamente, não pode ser dissociada deste processo, apesar de não ser aquela que valorizo enquanto profissional, mas sim, o apoio que presto enquanto facilitador da desocultação de competências adquiridas pelos adultos ao longo da vida. Este processo provocou uma mudança evidente, observada na predisposição do adulto, que muitas das vezes, “estava escondido dentro de si”, em alguns casos por vergonha, devido ao tão famigerado “facilitismo”, que nas palavras de Luís Rothes, autor com obras publicadas em matéria da Educação e Formação de Adultos, acontece apenas quando os adultos não ganham nada com o processo…
O processo de Reconhecimento, validação e certificação de competências, pressupõe que o adulto já tenha as competências adquiridas em diferentes contextos, apenas as tem de validar e certificar, o que é feito através de uma narrativa da história de vida. É neste ponto que surgem ideias erradas e que por vezes são repetidas, passando uma mensagem que não corresponde à realidade. Por vezes é dito, “escrevem algumas histórias sobre a vida deles e têm o 9.º ano!”. Esta afirmação não é totalmente errada, mas…a construção deste processo tem como base a história de vida do adulto, é certo, no entanto, essa história é de “certa forma condicionada” às exigências de um referencial de competências-chave, com critérios de evidência definidos, nos quais o adulto tem de contextualizar as suas experiências e evidenciar as competências exigidas. Estes são os requisitos das entidades que promovem o processo, aos quais é acrescentado ainda a exigência que cada adulto coloca sobre si mesmo, base da profunda reflexão imposta. Neste sentido, os ganhos vão muito além de um certificado, pois fez um balanço exaustivo do seu percurso de vida, que vai permitir definir ou redefinir projectos com maior clareza.
Para concluir, gostava de me dirigir a todos aqueles que ainda não “aproveitaram” esta iniciativa. Para aqueles que por algum motivo ainda não se decidiram a inscrever, espero que este texto sirva de incentivo. Para os que demonstram alguma desconfiança relativamente ao rigor do processo, é uma oportunidade para fazer a sua própria avaliação, baseada na sua experiência…
Hélder Melo